quarta-feira, 26 de janeiro de 2011

O Blasfemo


Ora, vimos no post anterior que afinal o terrorista podia, em muitos casos, não ser a pessoa horrível que nos levam a crer, não é verdade? E o blasfemo será que é alguém horrível, alguém que deve ser calado, torturado e até morto? Bom, durante muito tempo, nas nossas sociedades, passou-se assim e ainda se passa assim noutras sociedades mais retrógradas em que a religião tem peso no Estado. Mas afinal o que é a blasfémia? O dicionário diz-nos: “dito ímpio ou insultante contra o que se considera como sagrado” e ímpio quer dizer: desumano, cruel, homem sem piedade. Que pessoa desprezível deve ser esta pessoa, não? Não, o sagrado, os dogmas, as verdades absolutas devem ser questionadas o tempo todo e nunca as pessoas devem ser impedidas de pensar pela sua própria cabeça. Antes pelo contrário, devem proporcionar às pessoas meios para que possam pensar por si. Mas obviamente que as igrejas não querem que pensemos pela nossa cabeça, daí que, tentem impedir a qualquer um que raciocine e questione as tais verdades sagradas.
Vamos agora colocar-nos no lugar das religiões: Defendiam e todavia defendem teorias que a Ciência já destroçou, mitos sem qualquer sustentação científica, e as pessoas cada vez mais expostas a outras ideias podem a qualquer momento ousar pensar pelas suas cabeças e tornar as religiões inúteis. É sem dúvida um cenário que as religiões pretendem evitar a todo o custo e incutem no povo o medo de ousar pensar diferente: falam-lhes em Inferno, o local mais horrível para quem ousar renegar a Deus ou sequer questionar o que quer que seja. Pelo contrário, para quem tem fé, para quem aceita sem questionar, sem pensar, esses, os mais virtuosos, para esses estará reservado o Céu, o Paraíso. Muito interessante, não é? Em tempos passados qual era a escola do povo? A igreja, pois está claro, e o povo aprendia muito bem a palavra do “Senhor” à qual limitava-se a dizer “ámen”.
blasfémia
Não nos podemos esquecer que a Igreja é uma instituição, e tal como o Estado, faz tudo ao seu alcance para subsistir. E a Igreja não subsiste sem fiéis, não é verdade? A blasfémia foi uma grande invenção para perpetuar o poder e manter os seus fiéis, à custa da ignorância do povo, que sentia, e infelizmente ainda sente, que a sua fé é motivo de orgulho. Quando alguém diz algo contrário à doutrina oficial dos “pastores” estes devem ser julgados em nome de Deus que não aceita qualquer dissidência ao pensamento único. Então, a blasfémia é, apenas, um instrumento para impedir que alguém do rebanho se perca e que possa influenciar as outras.
A primeira linha de defesa desta instituição são os seus próprios fiéis que eram convidados a denunciar todos os casos de heresia que tivessem conhecimento entre eles. Isto passou-se no tempo da Santa Inquisição portuguesa, e outras congregações subsequentes com o mesmo intuito, e daí advém este espírito de bufaria e ódio que perdura até aos nossos dias. Tudo o que é diferente, alguém que se atreve a pensar diferente, a vestir-se diferente, a ser diferente, é imediatamente reprovado pelo rebanho. Isto ainda é sentido hoje, o pecado, a heresia, a blasfémia ainda é algo temido, por muitos, nos dias de hoje. Já não se teme a tortura ou a pena de morte, mas o ostracismo, o estigma, repúdio e maledicência que o rebanho ainda vota ao dissidente.
Este tema será expandido quando abordarmos em concreto as religiões e as mentiras que propagam para perpetuar a elite que beneficia do sistema no poder e o povo resignado à sua sorte pela vontade do Senhor.
A religião é o que impede os pobres de assassinar os ricos. - Napoleão Bonaparte

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