segunda-feira, 19 de novembro de 2012

Basta!




Uns dias depois de uma histórica Greve Geral Ibérica — e também grega, juntamente com manifestações de solidariedade de outros movimentos de esquerda europeus — que culminou com manifestações um pouco mais agressivas junto ao Parlamento Nacional, mas mesmo assim nada comparado com o que vemos em Espanha e Grécia, e já ouvimos de tudo para assustar o povo para actos que não se considerem pacíficos. "Não há tolerância pela violência", "são grupos estrangeiros profissionais de violência", "somos um povo pacífico e estes bandidos não podem ficar impunes" etc.

Afinal são todos portugueses, com a excepção de um italiano, mas devem ser dos que não são mansos e por isso devem ser veementemente repreendidos. Por outro lado, já não interessa que muitos foram detidos ilegalmente, que não permitiram que os detidos vissem os seus advogados, que estivessem detidos por mais horas do que é permitido por lei, os detidos serem intimados a assinar papeis em branco, serem humilhados ao ponto de se forçados a despirem-se integralmente, violentados verbalmente, além de um ataque indiscriminado contra todas as pessoas que se encontrassem pela frente da polícia. Essa lei da selva, sim, já vale.

Lembrem-se que quem tem a coragem hoje de derrubar governos que massacram o seu próprio povo, amanhã serão recordados como heróis, embora hoje sejam apelidados de energúmenos e terroristas. Já está mais que visto que em Portugal manifestações pacíficas não funcionam porque somos um povo de cobardes, que prefere adoptar a posição do "senhor doutor" a ser apelidado de comunista, terrorista, radical — um horror acéfalo a ser mal visto pelos outros — e portanto nunca terá o apoio massivo da população; a não ser, claro está, que estas sejam convocadas pela imprensa nacional. Já que ninguém os defende, eu louvo a coragem desses jovens que tiveram a ousadia de dizer basta e demonstrarem que começa a fartar o abuso à nossa tolerância.

quinta-feira, 18 de outubro de 2012

Hipocrisia




Agora que começam a tocar nos que vivem bem melhor é que o Governo começa a estar em perigo. Enquanto apenas se cortava nos mais desfavorecidos, nos apoios sociais a estes, era uma inevitabilidade e "todos" tinham que pagar os anos de desvario dos sucessivos governos — para o povo, em especial, era o governo do Sócrates. Agora, que começa a tocar a outros, de um nível mais alto, dizem que finalmente atingimos o limite. Bem dizia o Pacheco Pereira, há uns tempos atrás, que os pobres estão habituados a ter pouco, a aceitar a discriminação e não fazer valer os seus direitos, mas os da classe média, esses sim, seriam os que poderiam pôr em risco a austeridade. E agora vemos a imprensa todos os dias com notícias contra o governo, contra Passos Coelho, contra o PSD, quando há pouco mais de um ano eram exibidos ao povo como os salvadores da pátria. O CDS, antevendo o descalabro nas próximas eleições, tenta, como pode, demarcar-se das políticas do governo que apoiam, preparando já um cenário pós-apocalíptico em que terão muitas dificuldades em convencer as pessoas do efeito benigno deste partido. Os "senadores" que se vêem a perder grande parte das suas reformas chorudas não param de bramir contra esta austeridade. Pensavam que não se atreveriam... Onde a pobreza mora a hipocrisia reina. Uma revolta é possível, mas só à custa da hipocrisia em que cada um apenas olha aos seus interesses.    

quarta-feira, 26 de setembro de 2012

Que Se Foda a Troika!



Depois do 12 de Março e do protesto da geração à rasca do ano passado, parece que nada aconteceu, senão a queda do governo anterior. Aparentemente o povo ficou feliz e estávamos de volta ao normal. Isso poderia ser a ideia de um idiota desinformado, mas o que se passou com os líderes iluminados que convocaram essa grande manifestação apolítica? Aparentemente conseguiram trabalho e nunca mais se ouviu falar deles. Que tristeza de gente, que apenas fazem as coisas para salvar o seu próprio pescoço e depois abandonam de novo o povo à sua sorte.

Felizmente, surgiu um novo movimento: "Que Se Lixe a Troika - Queremos as Nossas Vidas" — e parece ser um movimento a sério, com pessoas bem intencionadas, como me parece ser João Camargo, que sabem bem identificar os inimigos do povo e não está aqui com "pezinhos de lã" de que isto é um movimento apolítico e de que não é contra nada nem ninguém. Depois do enorme sucesso da manifestação do dia 15 passado, apelaram já às pessoas para se associarem à manifestação convocada pela CGTP - um sindicato ligado aos comunistas. Notável! É assim que podemos fazer a diferença, sem parar, porque não é com uma manifestação pacífica a cada ano que as coisas vão mudar e os sindicatos estão do lado dos oprimidos.
Apenas uma crítica a esta movimento: não há que ter vergonha de dizer "que se foda a troika". Já chega desses puritanismos que até em momentos de desespero não se pode dizer um palavrão.


Há pessoas que traíram a confiança do povo e que se fartam de roubar e ludibriar de todas as maneiras possíveis e devem ser identificadas, assim como os partidos a que pertencem e fazer entender às pessoas que não são todos iguais. Mas não são só os partidos,  é todo o poder económico que corrompe os partidos, os donos de Portugal — são esses, também que devem ser combatidos, porque são esses que nos mantêm escravizados e que não largam mão de nos manter na mesma situação de opressão de sempre. Fim da escravatura! Fim dos privilegiados!

O Capitalismo é um sistema que privilegia os ricos e abandona os explorados de sempre à sua sorte e por isso deve ser combatido porque já não serve sequer a maioria da população do nosso país e de muitos outros países ocidentais. O Capitalismo é a nobreza, é banqueiros, é Monarquia, é oligarquias, é exploração, é roubo, é especulação, é mentira, é fome, é violência, é competição sem limites, é poluição, é desrespeito, é corrupção etc. Enquanto o Capitalismo gerava riqueza mas de alguma forma integrava e protegia os mais débeis até poderia ser tolerável, mas quando verificamos que se querem desfazer dos débeis e manter o sistema, estas pessoas simplesmente têm que ser erradicadas sob pena de sermos erradicados nós.

terça-feira, 18 de setembro de 2012

15 de Setembro - A luta continua...



Poucos dias depois dos protestos de Sábado, dia 15 de Setembro, os problemas seguem todos iguais. Foi uma surpresa ver tanta gente na rua? Tendo em conta que todos os poderosos (igreja, empresários, maioria dos partidos políticos e até parte do governo) estarem contra aquilo que o governo se propõe a fazer com estas novas medidas, não. Muitas reformas chorudas serão taxadas em grande e então muita gente acostumada a ser intocável, desta vez, começou a mexer os cordelinhos.

E lá foram os cordeirinhos todos, fazer aquilo que a imprensa e os senhores doutores "de bem" consideraram ser a atitude certa a tomar perante o descalabro do governo neste momento. Foi mais do que tudo um aviso dos poderosos ao governo — ou têm atenção connosco ou movemos as marionetas que até agora têm estado bem manipuladas. Mas atenção: um protesto pacífico, não se esqueçam! E lá foram a avó, o avô, o tio, o neto e a sobrinha dar um passeio até à cidade e gritar alguma coisa contra sabe-se lá o quê. Ontem Sócrates, hoje Passos Coelho. Os que ontem odiavam de morte o PS e o Sócrates — e votaram nos partidos do "trono/pátria e do altar" — amanhã, estarão a votar nesse partido novamente, mas não nos de esquerda uma vez que votar nesses partidos significa radicalismo e contra os altos valores do povo.

Obviamente também compareceu muita gente que vêem as coisas como elas são, que identificam claramente o inimigo, o problema, as verdadeiras circunstâncias desta crise e fizeram muito bem em lá estar a protestar. Mais do que tudo é importante elucidar as pessoas para que se possa lutar contra os adversários certos porque senão no dia seguinte segue sempre tudo igual. Teriam muito mais valor os protestos convocados pelos sindicatos, por pessoas que realmente querem romper com sistemas de exploração injusta,  mas aí a maioria desta gente já não se atreve a sair da toca porque ficam mal vistos aos olhos do senhor doutor. Continuam escravos.


É uma pouca vergonha! É um roubo!!

— Já veio alguma vez a alguma manifestação?
— Nunca! Eu não, que eu sou um cidadão honesto e trabalhador, de bem com Deus.
— E então por que veio desta vez?
— Porque agora me estão a roubar, eu que descontei uma vida!

Esta é mais uma razão por que as coisas nunca mudam. Enquanto não nos toca, até estamos contentes que se faça algo, nem que seja à custa da tragédia dos outros e até dizemos que deveria ser pior. Quando nos cabe a nós "contribuir", aí já vamos para a rua gritar que são ladrões.

Veremos se a imprensa e alguns dos conservadores vão continuar a dar respaldo a novos protestos e manifestações, seja com comentários a toda a hora a favor das manifestações seja com "direitos de antena" à esquerda, como fizeram com Francisco Louçã por dezenas de minutos em plena Avenida dos Aliados.

Se o Governo cai, o que se seguirá? As sondagens que dão uma maioria de votos aos socialistas demonstram a tragédia em que vivemos.

Ou a União Europeia nos salva de alguma maneira — e eu só a imagino através de uma federação de estados ou nações (como defendeu Durão Barroso) — ou isto, como se percebe, vai acabar muito mal para nós e não só...

Se este povo tivesse realmente um serviço público de televisão tudo poderia ser bem diferente. Em termos educativos não se perde nada com a privatização, mas o problema é a manipulação que lhe seria dada e que  os socialistas não podem aceitar.

terça-feira, 26 de junho de 2012

Um ano depois

E cá estamos, sensivelmente um ano após a tomada de posse do novo Governo. E qual é a nossa situação? Qual é o nosso futuro?


Pois, nada que surpreenda a alguém que pense um pouco. Este país/fazenda para ser mantido, para os privilégios de alguns (donos) persistirem, há que entregar o que dá receitas ao Estado e escravizar o povo (leia-se servos) desta pseuda nação, que sem as receitas de Estado mais escravas ficarão — utilizando-se o argumento de que não podemos viver acima das nossas possibilidades. As nossas possibilidades, para a maioria, a continuar assim, será pão e água e trabalho à chinesa. É incrível como um povo pode estar doutrinado e estupidificado para aceitar, com fatalismo e resignação, qualquer situação que seria considerada indigna por qualquer pessoa que tenha princípios, valores e dignidade.

Mas não há dignidade num povo de servos, que sempre foi massacrado e mantido na estupidez e na pobreza e que até vê o nosso passado recente como algo mau e que, imaginem, até instiga a que agora devamos voltar ao bom caminho da austeridade. A culpa é de todos, dizem os que ganham milhões, e o povo repete esta frase que a todos faz sentido. Como é que um povo que saiu às ruas no PREC, contra todas as injustiças do passado, pode, passado tão pouco tempo, restituir o poder aos mesmos bandidos do passado? Pode repetir "slogans" do Salazarismo? Pois, é evidente que a comunicação social tem o poder todo para influenciar o povo nas ideias que depois vão formar. Estando a comunicação social entregue aos grandes grupos económicos e tendo um povo tão frágil a nível intelectual, está fácil de entender a desgraça. A libertação só advém com salários dignos e uma educação libertária pois de outra forma a escravidão da sociedade será permanente e será utópico uma sociedade melhor. As Democracias não passam de uma ilusão construída por quem realmente sempre mandou. Não há mais ditaduras de um homem, há ditaduras de grupos económicos.

A religião virá dizer que é a vontade do Senhor e que só com trabalho é que poderemos sair da crise. Os hipócritas dos governos, vendidos às grandes grupos económicos, dirão que estão a fazer tudo pela nossa pátria querida e que o povo deve fazer o que está fazendo ao mesmo tempo que nos dizem que se sentem muito orgulhosos por sermos um povo tão extraordinário. A estupidez tem que acabar, a revolta tem que surgir, porque se não acontecer o nosso futuro será medonho e teremos um regresso a um passado, não muito distante, em que Portugal tinha níveis de desenvolvimento humanos vergonhosos ao nível dos países mais débeis africanos.

Ser português serve para quê? Já fomos celtas, pertencemos ao Império Romano, Suevo, Visigodo, Al Andalus, Reino de Leão etc. Não percebem que ser português apenas significa pertencer a uma instituição de domínio e que sendo esta uma instituição muito frágil, para persistir, faz sofrer quem a sustem? Ser português só é motivo de orgulho para os alienados e que não conhecem realmente a sua história. A grandiosa história que nos contam dos portugueses, é a história de uma classe dominante estrangeira que nos conquistou, roubou, violou e massacrou povos por todo o mundo, usando para isso os servos que tinha ao seu dispor no território a que chamamos Portugal. Quantos portugueses morreram para enriquecer essa elite?

E onde está o "Geração à Rasca" e outros grupos que tais? Estamos melhor agora do que antes que já não se justificam as manifestações e protestos? Pois, era demasiado evidente que grupos sem líderes não iam a lado nenhum. É preciso objectivos concretos, é preciso identificar os culpados e lutar pelos desfavorecidos todos, mas não é com grupos sem liderança e querendo agradar a todos que se consegue algo.