sexta-feira, 27 de setembro de 2013

Quem somos e como chegamos aqui? - I - A Família Humana



Quem somos e como chegamos aqui?

Para entendermos o mundo, para sabermos quem somos, como chegamos onde chegamos, o porquê das injustiças, das classes sociais, das religiões, nações e estados e tantas outras ficções, temos que estudar história, a origem da humanidade e de toda a nossa evolução. É isto que vos contar aqui nos próximos tempos, uma história que vos surpreenderá e vos custará a crer, mas que ficará para vossa reflexão e quem sabe para vossa libertação. Será bastante simplificada e até poderá ser considerada extremamente rudimentar, mas servirá o nosso propósito. No entanto, se assim desejardes, podeis sempre tomar o comprimido azul e acordar na vossa cama a acreditar naquilo que quiserdes acreditar. Bom, era uma vez…

Há 13 mil milhões de anos atrás deu-se o Big Bang — matéria, energia, tempo e espaço —  ao estudo destas questões chamamos Física.

Trezentos mil anos depois — matéria e energia combinam e formam Átomos que por sua vez combinam de forma mais complexa e dão origem ao que chamamos moléculas - a este estudo chamamos Química.

Há 4 mil milhões de anos atrás estas complexas moléculas desenvolvem-se ainda mais e formam criaturas com vida - ao estudo destas criaturas chamamos Biologia.

Há 70 mil anos atrás o Homo Sapiens junta-se e forma estruturas elaboradas a que chamamos culturas - o estudo destas culturas chamamos História.


Há 3 grandes revoluções na história da Humanidade

1.      Revolução cognitiva (há 70 mil anos atrás) — A transformação de um animal banal, no animal mais importante ao cimo do planeta. O Homo Sapiens, uma espécie de macaco africano, evolui ao ponto de ter habilidades cognitivas que o tornam no animal mais poderoso de todo o planeta.

2.   Revolução Agrícola  (há 12 mil anos atrás) — Domesticação de animais e plantas, primeiros assentamentos, aldeias, cidades, impérios.

3.  Revolução Cientifica  (há 500 anos atrás) — O homem vai descobrindo o mundo em que vive e começa a aprender as leis da vida. Até aqui a evolução era feita através da selecção natural  mas agora começa a ser possível alterar essa realidade de sempre.

I

O Início
A Família Humana


Os humanos surgem há 2500 milhões de anos em África Oriental mas eram apenas mais um animal, como os outros, sem qualquer importância. O Género Humano, ou Homo, subdivide-se em várias espécies, tais  como o Homo ErectusHomo Neanderthalensis, Homo floresiensis ou Homo Denisova. Para percebermos melhor o que queremos explicar, o Género Pantera subdivide-se pelas espécies Leão, Tigre, Leopardo, etc (em linguagem comum). A ideia que temos de que estas espécies humanas foram sempre dando origem a outras novas espécies mais evoluídas não é de todo verdade. A verdade é que a nossa espécie (sapiens) chegou a viver, no mesmo período de tempo, com outras espécies humanas.

Durante muitos anos fizemos crer, e a maior parte de nós acreditou, que eramos uma espécie distinta, vinda do nada, mas a ciência tem vindo a demonstrar que não é assim. No passado — há 6 milhões de anos atrás — tivemos um ancestral que teve duas filhas: uma evoluiu para ser ancestral de todos os chimpanzés e a outra evolui para se tornar ancestral de todos os humanos. Viemos todos da família dos “grandes primatas” (big apes) e os nossos relativos mais próximos são os orangotangos, os gorilas e, os mais próximos de todos, os chimpanzés.

Outras espécies humanas:
Homo neanderthalensis
Homo soloensis
Homo floresiensis
Homo erectus
Homo denisova
Homo sapiens

Há 100 mil anos atrás viviam, pelo menos, seis espécies humanas ao mesmo tempo. É provável que tenhamos matado todas as outras espécies tendo em conta a nossa intolerância inata perante a diferença. Mas também pode não ter sido assim…

Todas as espécies humanas tinham uma característica em comum: cérebros bem maiores do que qualquer outro animal do seu peso. Estes cérebros enormes eram também um problema porque é preciso alimentá-los, carregá-los e protegê-los. É estimado que 25% da sua alimentação era exclusivamente destinada ao seu cérebro e portanto tinham que passar muito mais tempo em busca de comida do que os outros Hominidae (great apes). Com o tempo os cérebros tornam-se ainda maiores à medida que a capacidade muscular diminui.

Seria uma boa estratégia para a sua sobrevivência? Um chimpanzé, por exemplo, é cinco vezes mais forte do que nós. Neste momento não temos qualquer dúvida que foi uma boa estratégia, mas há 2 milhões de anos atrás não parecia nada uma boa ideia.

Por que razão os nossos cérebros se tornaram maiores? Actualmente não há certezas absolutas, mas há uma hipótese bem plausível que mais adiante iremos identificar e explicar.
Outra característica destes humanos é que caminhava em duas pernas e isso proporcionava-lhe um visionamento mais amplo da savana para buscar mais facilmente alimento, assim como também os tornava mais conscientes das ameaças em seu redor. Igualmente libertava-lhes as mãos para outros propósitos tais como produzir objectos de caça (lanças, pedras afiadas etc) que lhes viriam a ser muito úteis.

Mas tudo na evolução tem um custo. A realidade é que nós fomos feitos para andar em 4 membros e a maior parte do nosso tempo evolutivo foi feito assim, portanto, quando decidimos começar a andar em 2 membros, o nosso esqueleto, a espinha dorsal e os músculos, sofreram grandes pressões e tivemos enormes problemas físicos. Com o tempo o nosso corpo foi-se adaptando, mas, como bem sabemos, ainda sofremos bastante com estes problemas que nunca foram completamente debelados.

As mulheres pagaram um preço mais elevado: caminhar em duas pernas faz necessariamente com que as duas pernas se aproximassem mais uma da outra. Com isto, o canal vaginal estreitou-se ao mesmo tempo que as crianças começaram a ter cabeças maiores, com cérebros maiores. Como está fácil de ver isto foi um enorme problema que provocou inúmeras mortes tanto às mães como aos filhos.

Qual foi a solução? A solução deu-a a natureza, com o tempo, que fez com que o nascimento se desse mais prematuramente quando as crianças ainda não estavam devidamente preparadas para o mundo exterior, mas, permitiam, com bastantes cuidados da tribo, maior probabilidade de sobrevivência tanto da mãe como dos filhos.
Em comparação com outros animais, em que vemos que pouco depois do nascimento já andam e mantêm várias actividades com os progenitores, os humanos demoram meses ou até anos para adquirir faculdades básicas.

Pelo facto de quando nascemos estarmos ainda em formação, especialmente mentalmente, podemos tornar-nos em qualquer coisa que nos incutam pois somos extremamente moldáveis e portanto podem educar-nos para sermos o que quiserem — cristãos, muçulmanos, comunistas, capitalistas, sportinguistas, judeus, benfiquistas, ingleses, franceses, amantes da paz ou da guerra, homofóbicos, xenófobos, racistas, nacionalistas, o que vos passar pela imaginação.
Nesta altura a nossa espécie estava ainda longe de ser o predador mais temível do mundo animal, como o é nos dias de hoje, mas, de facto, andava pelo meio da cadeia alimentar. Comíamos vegetais e os restos de carne que nos deixavam os outros predadores mais temíveis. 

Parece, segundo afirmam reputados historiadores, que a nossa “especialidade” era comer o tutano, deixados pelos outros carnívoros, a partir do momento em que tivemos utensílios que nos permitiam quebrar os ossos que mais nenhum outro animal conseguia.

Foi há apenas 400 mil anos atrás que começamos a caçar animais de grande porte e há 100 mil anos atrás que nos tornamos o “rei da selva” — o animal no topo da cadeia alimentar. De ponto de vista evolutivo foi um salto repentino para uma posição de tamanho poder e isso veio com um preço terrível para a natureza. Tem sido óbvio que o Homo Sapiens não está preparado para esta posição e as catástrofes que temos dado origem não pararam de suceder.

Há 300 mil anos atrás aconteceu algo extraordinário que nos mudou a vida para sempre: Aprendemos a controlar o fogo e este proporcionou-nos:
  1.  Luz na escuridão.
  2. Calor.
  3. Uma poderosa arma contra animais perigosos.
  4. Mudar o meio ambiente consoante as nossas necessidade.
  5. Ao queimar florestas providenciava alimentos em grandes quantidades.
  6. Cozinhar os alimentos.

·         Abriu novas oportunidades para os humanos comerem, tais como batatas ou arroz.
·         Ao cozinhar protegiam-se dos micróbios que os alimentos continham.
·         A digestão faz-se muito mais rapidamente.

Segundo alguns estudiosos esta revolução foi o que proporcionou aos humanos o desenvolvimento do cérebro. Uma vez que não precisávamos tanto do aparelho digestivo o nosso corpo evolucionou no sentido de nos providenciar um melhor cérebro.

Ao contrário de todos os outros animais em que o seu poder depende da sua força física, o humano, com o poder do fogo, passa a deter uma arma completamente desproporcional ao seu poder físico.

A nossa espécie, Homo Sapiens, surge, mais ou menos, entre 300 e 200 mil anos atrás no leste de África e há 70 mil anos expandiu-se para o médio-oriente e o continente euro-asiático onde se depararam com outras espécies humanas. O que é que acontece?

Há duas teorias, sendo que uma delas é bastante polémica.

Teoria de Miscigenação (interbreeding theory)
A teoria da miscigenação diz que os Sapiens, apesar dos conflitos e guerras que tiveram com as outras espécies, cruzaram-se e hoje em dia há povos que são uma mistura de espécies diferentes. Esta teoria foi durante muito tempo desconsiderada e até desincentivada pelas implicações que pode ter mas o facto é que se descobriu, em 2010, que a população europeia possui, pelo menos, 4% de ADN de Neandertal e os asiáticos possuem, pelo menos, 6% de ADN do homem de Denisova. Então neste momento, segundo esta teoria (corroborada por factos), podemos afirmar que não somos (europeus) puros sapiens mas uma mistura — neste caso de Sapiens com Neandertal — que deu origem a uma nova espécie. O mesmo se aplica aos asiáticos que serão uma mistura de homo Denisova como Homo Erectus e Homo Sapiens. Os sapiens puros, segundo esta teoria, seriam os africanos. Perante estas descobertas e conclusões percebe-se o problema que representa…


Teoria da substituição (replacement theory)
A teoria da substituição afirma que não houve qualquer contacto sexual entre as várias espécies e era a teoria politicamente correcta em que ninguém queria tocar. Com as descobertas de 2010 esta teoria ficou abalada.
De qualquer forma esta teoria apresenta duas possibilidades:
  1. Com a chegada do Sapiens ao médio oriente, derrotam os Neandertais pela inteligência e astúcia, comendo consecutivamente ano após ano mais e melhor levando a estes últimos a desaparecer com o tempo.
  2. Uma guerra genocida entre espécies. Sabemos que a nossa espécie não é nada tolerante com a diferença e que é preciso aprendermos a conviver com a diferença. Pois naqueles tempos é bem provável que a intolerância com a diferença fosse ainda maior e está fácil de imaginar o que aconteceu.


O mais certo é que tenha acontecido um pouco de todas estas teorias. É verdade que há uma prova de miscigenação mas os pequenos valores indicam que não foi algo que aconteceu frequentemente. Outra conclusão evidente é que nós extinguimos todas as outras espécies o que não prediz nada de muito bom sobre a nossa espécie.

Surpreendidos? O melhor ainda está para vir.

quinta-feira, 5 de setembro de 2013

A Revolução...! É esta a palavra que vos faz tanto medo? E não a haveis aprendido na história que todo o autêntico progresso humano está marcado por um traço sangrento, e que tanto no campo político como no cientifico foram sempre as minorias inconformistas que empunharam a bandeira da verdade, em torno da qual caíram, combatendo, ou triunfaram, arrastando atrás delas as maiorias inconscientes?Pietro Gori