terça-feira, 26 de junho de 2012

Um ano depois

E cá estamos, sensivelmente um ano após a tomada de posse do novo Governo. E qual é a nossa situação? Qual é o nosso futuro?


Pois, nada que surpreenda a alguém que pense um pouco. Este país/fazenda para ser mantido, para os privilégios de alguns (donos) persistirem, há que entregar o que dá receitas ao Estado e escravizar o povo (leia-se servos) desta pseuda nação, que sem as receitas de Estado mais escravas ficarão — utilizando-se o argumento de que não podemos viver acima das nossas possibilidades. As nossas possibilidades, para a maioria, a continuar assim, será pão e água e trabalho à chinesa. É incrível como um povo pode estar doutrinado e estupidificado para aceitar, com fatalismo e resignação, qualquer situação que seria considerada indigna por qualquer pessoa que tenha princípios, valores e dignidade.

Mas não há dignidade num povo de servos, que sempre foi massacrado e mantido na estupidez e na pobreza e que até vê o nosso passado recente como algo mau e que, imaginem, até instiga a que agora devamos voltar ao bom caminho da austeridade. A culpa é de todos, dizem os que ganham milhões, e o povo repete esta frase que a todos faz sentido. Como é que um povo que saiu às ruas no PREC, contra todas as injustiças do passado, pode, passado tão pouco tempo, restituir o poder aos mesmos bandidos do passado? Pode repetir "slogans" do Salazarismo? Pois, é evidente que a comunicação social tem o poder todo para influenciar o povo nas ideias que depois vão formar. Estando a comunicação social entregue aos grandes grupos económicos e tendo um povo tão frágil a nível intelectual, está fácil de entender a desgraça. A libertação só advém com salários dignos e uma educação libertária pois de outra forma a escravidão da sociedade será permanente e será utópico uma sociedade melhor. As Democracias não passam de uma ilusão construída por quem realmente sempre mandou. Não há mais ditaduras de um homem, há ditaduras de grupos económicos.

A religião virá dizer que é a vontade do Senhor e que só com trabalho é que poderemos sair da crise. Os hipócritas dos governos, vendidos às grandes grupos económicos, dirão que estão a fazer tudo pela nossa pátria querida e que o povo deve fazer o que está fazendo ao mesmo tempo que nos dizem que se sentem muito orgulhosos por sermos um povo tão extraordinário. A estupidez tem que acabar, a revolta tem que surgir, porque se não acontecer o nosso futuro será medonho e teremos um regresso a um passado, não muito distante, em que Portugal tinha níveis de desenvolvimento humanos vergonhosos ao nível dos países mais débeis africanos.

Ser português serve para quê? Já fomos celtas, pertencemos ao Império Romano, Suevo, Visigodo, Al Andalus, Reino de Leão etc. Não percebem que ser português apenas significa pertencer a uma instituição de domínio e que sendo esta uma instituição muito frágil, para persistir, faz sofrer quem a sustem? Ser português só é motivo de orgulho para os alienados e que não conhecem realmente a sua história. A grandiosa história que nos contam dos portugueses, é a história de uma classe dominante estrangeira que nos conquistou, roubou, violou e massacrou povos por todo o mundo, usando para isso os servos que tinha ao seu dispor no território a que chamamos Portugal. Quantos portugueses morreram para enriquecer essa elite?

E onde está o "Geração à Rasca" e outros grupos que tais? Estamos melhor agora do que antes que já não se justificam as manifestações e protestos? Pois, era demasiado evidente que grupos sem líderes não iam a lado nenhum. É preciso objectivos concretos, é preciso identificar os culpados e lutar pelos desfavorecidos todos, mas não é com grupos sem liderança e querendo agradar a todos que se consegue algo.