segunda-feira, 11 de novembro de 2013

Bófia



E a vida segue e o mundo continua a girar como sempre; cada um protege o que pensa que tem direito sem se importar com o outro, nunca percebendo que só a solidariedade entre os oprimidos lhes pode proporcionar um melhor nível de vida. Mas cada um de nós, que não passa fome e tem casa, prefere assumir um papel moralista sobre os que estão pior sem perceber — nem fazendo qualquer esforço para perceber — a história e as circunstâncias de quem está numa situação menos confortável e precisa de ajuda.


Serve isto como introdução para a atitude da polícia, no Parlamento, em que estes ao escutarem pela voz do Ministro da Administração Interna, Miguel Macedo, que não poderiam ser comparados a outros funcionários públicos, rejubilaram não contendo uma enorme salva de palmas. O que interessa se todos os outros funcionários públicos estão na lista para serem despedidos e que passem a viver em grandes dificuldades? Não interessa para nada, nós, polícia, somos especiais e por isso o Ministro tem o nosso apoio.


Mas se fossem os polícias os únicos a tomar esta atitude até se poderia dizer que não era muito mau, mas o problema é gravíssimo quando vemos que é cada classe, cada grupo, cada indivíduo a pensar isoladamente em si. Não há solução com estas atitudes e isto leva ao ódio entre as pessoas, ao medo, a retaliações e caminha-se a passos largos para algo bastante grave, não só em Portugal mas em toda a Europa. A elite divide e reina e poucos se apercebem do óbvio.


Portugal está já há vários anos com cortes no sistema social, cada vez mais brutais que no ano anterior e o que é que se verifica nas pessoas? Um retrocesso a todos os níveis especialmente no que toca à boa convivência social e à educação e respeito por todos, algo que só se alcança quando existe um estado social que providencie uma vida digna aos mais desfavorecidos e condições de sucesso a quem se esforça por obter algo mais. O mais triste é saber que nada destas medidas vão providenciar um futuro melhor para a maioria das cidadãos deste país, mas vão, sim, enriquecer uns quantos grupos poderosos que chupam até ao tutano o rendimento do trabalho de um povo novamente a caminho da miséria. A história repete-se e o povo segue alienado como sempre.