sábado, 12 de fevereiro de 2011

A Moção de Censura



Alguém entende o Bloco de Esquerda com esta moção de censura? Um dia, Francisco Louçã, afirma que é uma inutilidade prática (a possibilidade do PCP apresentar uma moção de censura) e uns dias depois apresenta uma, para espanto de toda a gente. Afirmava Louçã, que não ajudaria em circunstância alguma a tomada do poder pela direita, mas com esta moção a sua intenção traduzir-se-ia nesse resultado que afirmava, convictamente, não querer proporcionar. Então se houver eleições agora não é mais do que provável que a direita ganhe? Todas as sondagens evidenciam essa tendência.

É obviamente uma jogada táctica baseada na (quase) certeza do PSD a chumbar e inevitavelmente ficarem também colados ao estado de decadência que se vive. É a única lógica possível: tirar o protagonismo ao PCP, que se ia antecipando, e forçar o PSD a segurar o Governo.

É uma jogada arriscada, e cai mal mesmo no seio do próprio BE, e ainda mais nos seus eleitores, que não esperavam este tacticismo por parte de um partido que até aqui se norteava por valores e por um "saber estar" à parte de todos os outros. Com esta movimentação apressada, desajustada, desapropriada, vai fazer muita gente ver, lamentavelmente, o BE como um partido igual aos outros e com isso perder alguma da sua aura que dispunha até este momento.

*O António Costa, quinta-feira, no Quadratura do Círculo, foi absolutamente desprezível nos ataques lançados ao BE chegando ao ponto de dizer que este partido não representava nada nem ninguém. Para além de desrespeitar o partido e os seus dirigentes, algo que não é nada extraordinário na política portuguesa, nem me choca particularmente, mas é mais difícil de aceitar a intolerância e o desrespeito pelos quase 600 mil portugueses que votaram neste partido, um partido que tem vindo a crescer em todas as eleições. Foi um lindo momento de televisão, aqueles três representantes do poder instituído a deliciarem-se com o que o outro dizia para ridicularizar, achincalhar, abandalhar o BE. Poucas foram as vezes em que os três se riram felizes e concordantes com o que o outro dizia - um dizia mata o outro esfola, um deleite para o telespectador. O mais extraordinário foi ter que ser o Lobo Xavier a mostrar algum senso e afirmar que na verdade o BE tinha alguma expressão no seio das cidades e de grupos universitários. Incrível!
É igualmente triste vermos programas de televisão democráticos em que a esquerda não tem qualquer voz, e isso também quer dizer muito do país em que vivemos e da nossa democracia - há liberdade mas até onde nos deixam.

Mantenho a minha simpatia pelo BE, mas desagradou-me esta manobra que até o Daniel Oliveira classificou de infantil...

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